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Reação

A química de Trump

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Lavoisier esclareceu: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E se transforma na maioria das vezes através de uma reação química.“Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto”, disse o presidente americano, Donald Trump. “Eu gostei dele e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente. Isso é um bom sinal”, completou, referindo-se ao seu congênere brasileiro, Luz Inácio Lula da Silva (PT), após breve encontro durante Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Tratando-se de Trump e seu comportamento errático, as declarações da última terça-feira (23) não podem ser tomadas ao pé da letra como indicativo de uma distensão próxima entre os Estados Unidos e Brasil. De todo modo, a melhor hipóteses é que o republicano venha a perceber que sua ofensiva estapafúrdia cotra a economia e as instituições brasileiras só tem favorecido seu adversário.

No dia anterior, a Casa Branca havia ampliado seu rol de retaliações descabidas ao incluir a advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moares, relator no Supremo Tribunal Federal no processo que resultou na condenação de Jair Bolsonaro (PL) por “tentativa de golpe de Estado” - e o instituto da família na lista de sancionados pela Lei Magnitsky.

É evidente para qualquer pessoa livre de rancores ideológicos que a medida distorce o espírito da legislação – concebida para atingir criminosos internacionais e autocratas que violem sistematicamente os direitos humanos. Trump se vale de uma norma reservada a casos extremos para uma picuinha pessoal em prol de um cupincha ideológico, sem nada de prático conseguir com isso.

Não satisfeito com a tentativa frustrada de intimidar o Judiciário de um país democrático, o americano expandiu a lista de autoridades brasileiras com vistos de entrada nos EUA revogados. Entre os novos alvos estão o chefe da Advogacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e juízes que assessoram Moraes, além do ex-secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Levi e do ex-corregedor da corte Benedito Gonçalves. Mas, como escreveu Charles Darwin (“Não é o mais forte que sobrevive, nem mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”), eles também vão sobreviver.

A sucessão de arbitrariedades foi explorada por Lula no discurso na ONU. Em referência clara a tarifas e punições aplicadas pelos EUA, o pronunciamento tratou de “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais”. Sem citar nomes, o presidente brasileiro dedicou quase 75% de sua fala a críticas a Washington.

De mais palpável, o ensaio de diálogo entre Trump e Lula resultou no agendamento de conversa para esta semana.

Sabe-se lá o que se passa na cabeça do guru do ainda deputado pelo PL paulista, mas o fato é que suas sanções foram inúteis no propósito de intimidar o STF. Afora o prejuízo causado a setores da produção brasileira e consumidores americanos, o tiroteio trumpista saiu pela culatra ao fortalecer o prestígio de Lula perante a opinião pública doméstica. Antecipando Trump em 100 anos, Thomas Edison declarou“ Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo”.

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