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Conclave

O mundo precisa de um Papa que continue a “construção” de pontes

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No dia 26 de abril de 2025, após longos rituais litúrgicos, homenagens e mensagens sobre a importância do pontificado do Papa Francisco, o mundo se despediu de uma das principais referências eclesiásticas do século XXI. No mesmo instante em que os católicos lamentavam a partida do seu líder, vários grupos passaram a especular sobre as definições do Conclave que iniciará nos próximos dias, após as novendiais, missas realizadas por nove dias em sufrágio ao pontífice. Mais uma vez, a Cúria Romana entra em um processo de escolha complexa, que movimenta religiosos de diferentes localidades do mundo.

É certo que o Conclave possui uma precedência religiosa, inserida nas orientações da Igreja Católica Apostólica Romana, mas é inegável que os procedimentos para a escolha do Bispo de Roma é um ato que envolve grandes acordos políticos, dependem da organização das diferentes tendências e grupos que formam o Colégio Cardinalício. Os membros do Sacro Colégio compõem estruturas que refletem as suas formações desde o início da vida religiosa, posicionamentos sociopolíticos, visão de mundo e compreensão sobre temas que serão abordados pelo próximo Papa.

Entre 2013 e 2025 Francisco tornou o Colégio Cardinalício mais diverso e representativo em relação à distribuição geográfica, com integrantes de 71 países. Mesmo que tenha retirado a hegemonia dos países europeus, a Itália ainda se destaca em relação a nacionalidade dos votantes no Conclave, totalizando 17 integrantes. Atualmente a Igreja Católica conta com 252 Cardeais, sendo 135 eleitores, uma vez que estão aptos ao voto os religiosos com menos de 80 anos. Dos eclesiásticos convocados para o evento, 80% foram nomeados durante o pontificado de Francisco, mas os números não refletem a certeza de que o próximo Papa seguirá a sua linha de pensamento.

Nos próximos dias serão realizadas as reuniões entre os integrantes das Congregações Gerais, momento em que os líderes da Igreja Católica debaterão sobre um perfil, as qualidades e atribuições necessárias para o próximo pontífice.

O instante é fundamental para que a hierarquia eclesiástica possa traçar estratégias para as conexões entre a Igreja Católica e as diferentes complexidades da sociedade no tempo presente.

Por mais que alguns debatedores tenham apresentado previsões ou indicado nomes “papáveis”, o resultado do Conclave dependerá de longas negociações, acordos sobre o futuro da Igreja Católica e a importância da sua atuação política no cenário internacional. Muitas são as variáveis para se indicar um nome específico, mesmo aqueles que estavam próximos das ações de Francisco, em atividades diárias ou na estrutura da Santa Sé, precisam demonstrar a capacidade de diálogo e execução para a manutenção de uma Igreja atuante em um mundo de rápidas transformações. A escolha de um Papa também é uma ação eminentemente política, especialmente, após o legado do último pontificado, que reconheceu a importância da Santa Sé para decisões em temas estratégicos.

Independente das negociações realizadas no Vaticano é consenso que o mundo precisa de um líder religioso com atuação política, preocupado com a paz, a sinodalidade, desenvolva projetos voltados para a população em situação de vulnerabilidade, que reflita sobre as problemáticas da imigração, fortaleça os debates com o Sul global, promova a inclusão dos que estão às margens da sociedade, a segurança alimentar, a ecologia integral, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos, que combata os desmandos da estrutura eclesiástica, dentre outras temáticas da contemporaneidade. Os membros do Conclave precisarão compreender que têm a oportunidade de fortalecer a construção de pontes e a demolição de muros iniciadas pelo Papa Francisco.

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