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História

Construtores de Alagoas LXXX

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Jorge Mateus de Lima, excelso poeta, romancista, ensaísta, nasceu na cidade de União dos Palmares, no dia 23 de abril de 1893, sendo seus pais José Mateus de Lima e Delmira Simões Mateus de Lima. Homem público de características extraordinárias, bem como de robustez intelectual invejável, concluiu o curso de Medicina no Rio de Janeiro com apenas 21 anos de vida, tendo apresentado como tese de doutoramento, com pleno êxito, o tema “O destino Higiênico do Lixo do Rio de Janeiro”.

Estreou na literatura com seu livro XIV Alexandrinos, aos dezoito anos. Em 1918, elegeu-se pelo Partido Democrata deputado estadual, exercendo o mandato no período de 1919 a 1922. Foi, também, médico da Guarda-Civil e destacado imortal da Academia Alagoana de Letras. Merecidamente, foi eleito Príncipe dos Poetas Alagoanos. Em 1923, produziu a Comédia de Erros e, em 1927, O Mundo do Menino Impossível, que marcou sua adesão ao Modernismo. Produziu, ainda, Salomão e as Mulheres, Essa Negra Fulô (1928). No ano de 1930, houve um desagradável episódio na vida do poeta, forçando-o a migrara para a Cidade Maravilhosa. Exerceu o magistério na disciplina Literatura Brasileira na Universidade do então Distrito Federal. Elegeu-se vereador, e, em 1946, presidiu a Câmara de Vereadores daquela cidade.

Consagrou-se nacionalmente com seu memorável poema O Acendedor de Lampiões: Lá vem o acendedor de lampiões de rua/ Este mesmo que vem infatigavelmente, Parodiar o sol e associar-se à lua/ Quando a sombra da noite enegrece o poente/ Um, dois, três lampiões, acende e continua/ Outros mais a acender imperturbavelmente/ À medida que a noite aos poucos se acentua/ E a palidez do luar apenas se pressente/ Triste ironia atroz que ao senso humano irrita: Ele que doira a noite e ilumina a cidade, talvez não tenha luz na choupana que habita. Tanta gente também nos outros insinua/Crenças, religiões, amor, felicidade/ Como este acendedor de lampiões da rua!

Falando dele, diz Mário de Andrade, em julgamento crítico em 1943: “Mas, sobretudo, o que torna a poesia de Jorge de Lima resistente aos perigos que a cercam é justamente a qualidade lírica de sua imaginação”.

Esta será por certo a grande lição de Jorge de Lima dentro da poesia contemporânea. Dominado por uma prudência visivelmente exercitada na observação e no raciocínio, o poeta possui uma bússola fecunda que não lhe permite errar.

Esteve em Maceió pela última vez, depois de mais de vinte anos de ausência, quando proferiu conferência no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, sob o tema Poesia, Revolução, Salvação. Jorge de Lima faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1953, deixando muitas saudades de seu genial talento.

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