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Milton Hênio: a medalha dourada da Medicina/Ufal

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Um motorista de empresa de ônibus alcançou Milton Hênio com um pedido: não podia pagá-lo, mas desejava que o pediatra cuidasse do seu rebento. O médico aquiesceu e o fez até o limite etário da pediatria.

Muitos anos passados, adentram o consultório um rapagão e o pai. – Dr. Milton, hoje não viemos lhe pedir nada! Venho lhe convidar para almoçar no Itamaraty, quando receberei o grau de Diplomata, escalado para Viena.

Sobre Milton Hênio, já tinha me falado o ínclito cirurgião Dirceu Falcão: – Milton Hênio é querido nos palácios e na casa dos carroceiros do Vergel. Ele seguia as regras do médico Pedro Nava: “O médico não tem o direito de se cansar, de se impacientar, de se distrair. A dor do outro é o seu dever, a sua urgência. Não há sábado, não há domingo, não há hora marcada para o sofrimento.” Milton Hênio seguiu isso a vida inteira, e difundiu a mensagem: “O médico tem um remédio que nenhuma farmácia vende: é a palavra do médico.” O médico não é apenas um técnico do corpo, mas também um confidente da alma. É preciso ouvir não apenas as palavras, mas também o silêncio, o medo nos olhos, a esperança hesitante no tom de voz. Cada paciente traz consigo uma história única, e é nosso dever compreendê-la para oferecer o cuidado mais completo.

A empatia, independente da condição econômica, ele a cumpria intacta. Isso angariou clientela maciça de ricos e pobres, que terminou padrinho de mais de mil crianças.

E a Sra. Mirza, sua esposa e eterno amor, acompanhava-o para cada grupo de batizados na Santa Rita do Farol. Até o dia que o cônego Bechmans avisou: – Miltinho, os seus afilhados estão atrasando minha missa! Você traz pacote de dez!

Dr. Milton não enriquecia. A esposa dá-lhe uma cutucada: – Miltinho, devias ser clérigo! – Não, assim não poderias ser meu amor. Por 60 anos, o pediatra exerceu a medicina no consultório e na medicina pública. Formado em 1962 pela Faculdade de Medicina de Alagoas/Ufal. Agora, a Medicina Ufal vive seu jubileu dos 75 anos, e o pediatra receberá a maior comenda da Universidade na efeméride de 07 de maio, em solenidade presidida por Ângela Canuto e o reitor Josealdo Tonholo.

Como Pedro Nava, além de médico, é excelente cronista: “A semiologia era a arte de decifrar os enigmas do corpo. Através da ausculta, revelava os murmúrios secretos do coração e dos pulmões; a palpação desvendava massas e órgãos ocultos; a percussão delimitava fronteiras invisíveis da doença.”

Milton Hênio: o condestável. Acima dele, apenas o Rei.

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