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quarta-feira, 12/03/2025 | Ano | Nº 5921
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O lar

O som da casa cheia de amor

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Recentemente, após os festejos de janeiro e recesso do carnaval, somente em companhia de Ana, minha esposa, voltei à nossa casa no Arquipélago do Sol, que, por incrível que pareça, apesar de vazia, apresentava-se inquieta, rangendo sob o peso da ausência, como se protestasse contra o sossego forçado.

Nem parecia aquela que, dias atrás, recheada por netos, filhos, filhas, respirava em silêncio, absorvendo vozes, sorrisos, passos apressados, murmúrios das conversas, o calor dos corpos preenchendo cômodos, enquanto paredes satisfeitas se aquietavam como se o próprio tempo ali encontrasse repouso.

Amigos deles chegavam a cada instante, aumentando ainda mais o coro da felicidade. E a cozinha gourmet? Ah, essa virou o centro da festa, sempre abastecida com bolos, sanduíches e hamburgueres tatuados com a masca Lanverly, tudo isso preparado com carinho.

No meio dessa bagunça encantadora, o cachorro Snow corria animado de um lado para outro, enquanto o gato Lukke, com sua típica superioridade, observava tudo de um canto estratégico, nem sempre se rendendo à euforia geral.

Mas como tudo na vida, esse ciclo de festa tem seu fim. As aulas recomeçaram, malas foram fechadas e eles, um após outro, partiram. Agora, apenas nós, os avós, restamos por aqui. A piscina reflete apenas o céu, a sala está arrumada demais, cantoria silenciou, meu coração dói sentindo falta do olhar de cada um.

Entendo que as férias terminaram, e com elas partiu a algazarra contagiante que tomava conta da habitação, onde durante semanas, cada canto foi palco de risadas, correria e pura alegria. Crianças de todas as idades, dos três aos quinze anos, transformaram a moradia em verdadeiro clube de diversão.

Cada dia mais me convenço que o nosso lar não foi construído para o vazio, pois assemelha-se aos corpos que sentem a falta de alma quando os habitantes se vão. E então, na solidão, fazem barulho em contraponto ao silêncio, que antes era sinônimo de descanso, agora soa ensurdecedor.

Mas resta o consolo de que, em breve, todos nos reuniremos novamente, trazendo de volta o barulho mais bonito do mundo: o som da casa cheia de amor.

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