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Lenine:

Juiz não tem pai nem mãe – I

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Na sua primeira Comarca, São Brás/AL., o juiz de direito Antônio Lenine Pereira era conhecido por sua retidão e amor à justiça. Na pensão familiar, ele pagou suas diárias. Homem de poucas palavras, não se deixava levar por pressões ou apelos emocionais. Certa manhã, recebeu um chamado.

Uma matriarca da região suplicava por sua ajuda. O melhor funcionário de sua fazenda era acusado de estupro. A vítima, uma jovem humilde, clamava por justiça. A matriarca pedia clemência, ressaltando os anos de serviço do acusado e o impacto na família.

O juiz ouviu atentamente o apelo. Agradeceu a confiança, mas explicou que a lei era igual para todos. Prometeu analisar o caso com imparcialidade.

Após o encontro, o juiz Lenine dirigiu-se à casa de sua mãe, no Engenho Olho D’água, em Junqueiro, que tinha sido a intermediária. Almoçaram juntos, em silêncio. A mãe, pressentindo a preocupação do filho, não ousou perguntar o motivo da visita inesperada.

O juiz Lenine quebrou o silêncio. “Mãe, preciso que entenda uma coisa”, disse ele. “Sou juiz de direito, e a justiça não tem pai nem mãe. Não posso deixar que laços familiares ou amizades interfiram no meu trabalho. Prometi àquela senhora que analisaria o caso com imparcialidade, e é isso que farei.”

A mãe, com um misto de orgulho e tristeza, assentiu. Agradeceu a visita e desejou-lhe força para cumprir seu dever.

O juiz Lenine retornou a São Brás com a consciência tranquila. Sabia que a decisão que tomaria não agradaria a todos, mas era a única que lhe permitiria dormir em paz.

O pai e mãe do juiz é a lei. Nunca mais pediram nada

A frase “juiz não tem pai nem mãe”, do magistrado Lenine Pereira, em Junqueiro, Alagoas, é uma expressão de sua devoção à justiça. O juiz Lenine jamais cedeu a laços familiares ou amizades. Para ele, a lei era a única bússola que guiava suas ações.

A mãe do juiz, matriarca viúva, Corina Pereira, uma mulher sábia e compreensiva, entendeu a mensagem.

A partir daquele dia, a mãe do juiz nunca mais pediu nada ao filho. O juiz continuou a exercer sua profissão com a mesma imparcialidade de sempre. Ele era um exemplo de integridade e justiça.

Antes de partir, em dezembro de 2023, me convidou para escrever o prefácio de sua autobiografia, mas partiu sem concluí-lo. Mere, a companheira absoluta na vida de um juiz, foi Maria do Carmo de Jesus Pereira, sua escudeira.

A frase “juiz não tem pai nem mãe” tornou-se um lema para o juiz Lenine Pereira. Ele a usava para lembrar a si mesmo e aos outros que a justiça era a única inviolável. Eterna.

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