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PAIXÃO PELO CAFÉ

No frio ou no calor, o café é a melhor pedida

Bebida quente continua fazendo sucesso mesmo no verão; cafeterias inovam e oferecem versões geladas e até misturadas a outras bebidas

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Bebidas frias, à base de café, estão entre as opções ofertadas pelas cafeterias de Maceió
Bebidas frias, à base de café, estão entre as opções ofertadas pelas cafeterias de Maceió | Foto: Cortesia

Verão, sol, calor e café. Isso mesmo. Nem as altas temperaturas tiram o glamour dessa bebida, que em sua versão mais tradicional é servida quente, acompanhada de uma fatia de bolo, um pãozinho, um salgado, um biscoito ou, até mesmo, um chocolate. Café vai bem com tudo e não pode faltar. Em algum momento do dia, é preciso saboreá-lo.

Em suas versões mais recentes, o café se apresenta gelado, misturado a outras bebidas e até semelhante a um milk shake. Mas é a versão tradicional, o café “puro”, como geralmente é chamado, que continua sendo o carro-chefe em todas as estações do ano, no frio ou no calor. Afinal, quem aprecia um bom café não consegue ficar, um dia sequer, sem degustar essa bebida.

Inúmeros são os lugares que servem os mais variados tipos de cafés em Maceió. Esses espaços se tornaram tendência nos últimos anos, virando ponto de encontro para um momento com os amigos, um compromisso amoroso, uma comemoração e, até mesmo, para uma reunião de negócios. Um verdadeiro resgate das cafeterias que, por muito tempo, ficaram em segundo plano.

Isso explica a abertura de inúmeros estabelecimentos do tipo nos últimos anos, especialmente após a pandemia da Covid-19, quando as pessoas começaram a valorizar mais a companhia dos amigos e parentes e os pequenos momentos em que isso pode acontecer.

Isabella Bezerra destaca as variedades de cafés disponíveis nas cafeterias
Isabella Bezerra destaca as variedades de cafés disponíveis nas cafeterias | Foto: Marcus Vinícius

Proprietária da cafeteria Nakaffa, em Maceió, a primeira a trabalhar com cafés especiais no estado, Isabella Bezerra conta que a paixão por cafés está diretamente ligada à cultura brasileira, na qual as pessoas crescem sentindo o cheiro da bebida nas cozinhas e convivem com a presença dele nas mesas nas primeiras horas da manhã.

“Com o tempo, o café passou a ser um aliado nas reuniões de trabalho e aquela dose extra de energia após o almoço. Com certeza, a bebida quente ainda é muito mais procurada, mesmo nas altas temperaturas. E eu acredito que isso também seja cultural, pois foi dessa maneira que iniciamos o contato com a bebida. O público adulto continua sendo o mais adepto dos cafés quentes”, pontua Isabella, que trabalha com o próprio grão de café especial, que é produzido em Alto Jequitibá - Caparaó mineiro.

Apesar de a procura ser maior pelo café quente, existem inúmeras versões mais modernas e diferenciadas da bebida, que vem sendo, aos poucos, conhecida pelo público que verdadeiramente gosta do sabor e do aroma do grão de qualidade.

“As opções são muitas e vão desde o café espresso ou o café coado servido com gelo, até o ‘afogatto’, que é o espresso sobre sorvete; o iced latte, que é o leite gelado vaporizado com uma dose de café; e os frapês, que são semelhantes ao milk shake, porém com café e não leite. Sem falar no ‘colde brew’, que chegou ao nosso mercado por volta de 2010, e é um método de extração de café a frio. Seu consumo foi incentivado pelas grandes redes, mas foi consolidado pelas cafeterias especiais e é possível encontrar algumas versões em supermercados”, conta a proprietária da cafeteria e especialista no assunto.

Especialistas em café, baristas se especializam cada vez mais para extrair o melhor da bebida
Especialistas em café, baristas se especializam cada vez mais para extrair o melhor da bebida | Foto: MARCUS VINICIUS

Isabella ressalta ainda que os cafés frios são uma excelente opção para dias quentes, por serem mais refrescantes com sabor mais suave e geralmente com menos acidez. “A procura por cafés frios e pelo ‘cold brew’ ainda é pouco representativa se comparada aos cafés quentes, mas no verão existe uma tendência maior dos consumidores provarem essas opções frias e geladas. A espécie arábica possui um grande número de variedades de grãos e, na minha opinião, as que mais harmonizam com o clima quente são as suaves e com doçura acentuada, como o Bourbon, Catuaí, e Mundo Novo”, diz.

Ela destaca que a melhor opção de café são os especiais, café 100% arábica e que não contém impurezas, nem substâncias estranhas. De acordo com Isabella, pela legislação, existe um percentual aceitável de outros grãos, palha, folha, galho e até mesmo pedra e areia nos café tradicionais ou extra fortes, que são vendidos mais comumente em supermercados. Por isso, seja para café quente ou frio, o mais importante é observar a classificação do produto. As torras médias também são as mais indicadas, para garantir todo aroma e sabor do grão.

“O café também precisa ser armazenado longe de luz e umidade para evitar oxidação. Quando moído na hora do preparo, oferece mais sabor e notas sensórias. E durante o preparo a água deve estar em uma temperatura próxima a 97%, iniciando a fervura. Uma variedade da espécie arábica terá resultados bem diferentes a depender do método de filtragem/extração”, dá a dica.

Empresário Marcelo é apaixonado por cafés e consome bebida todos os dias
Empresário Marcelo é apaixonado por cafés e consome bebida todos os dias | Foto: Arquivo pessoal

Apaixonado por cafés, o empresário Marcelo de Aguiar Gomes, de 44 anos, não perde a oportunidade de apreciar essa bebida. Ele conta que começou a se interessar por cafés especiais há uns 10 anos, desde que adquiriu um sítio na Chapada Diamantina-BA, mais precisamente no município de Ibicoara, que produz um dos melhores cafés do Brasil.

“Há uns 6 anos, fiz um curso de barista na Latitude 13, um famoso produtor lá de Ibicoara. Café é uma das minhas bebidas prediletas junto com o vinho. O que mais aprecio nele são os diferentes sabores e aromas, e saber identificá-los. Eu amo a harmonia do café com chocolates”, ressalta Marcelo, que tem o hábito de frequentar cafeterias em Maceió.

Ele diz que consome a bebida apenas duas vezes ao dia e que o momento em que o café não pode faltar é pela manhã. “Não pode faltar café logo de manhã cedo e às vezes à tarde, após o almoço. Existem ótimas cafeterias em Maceió”, fala o empresário.

A paixão por cafés também fez com que Marcelo colecionasse uma super história. Em 2019, durante uma viagem para as Maldivas para surfar, ele conheceu os surfistas profissionais Ítalo Ferreira, Jadson André e Ian Gouveia. Na ocasião, eles estavam com um pacote de café - desses que são vendidos em supermercados - e o empresário acabou falando que não bebia daquele tipo de café “queimado”, somente café especial.

“Eu falei que gostava de tomar cafés especiais e que depois iria mandar para a casa de cada um deles um café de verdade. Na hora, eles ficaram rindo e o Ítalo Fereira depois me chamou e perguntou se era verdade que eu tinha conhecimento sobre cafés. Aí falei pra ele que tinha um sítio na Chapada Diamantina, onde tem os melhores cafés do mundo, com muitos cafés premiados. Ele me disse que gostava muito de café e que iria entrar em contato comigo”, relata.

Café com gelo: opção refrescante para o verão
Café com gelo: opção refrescante para o verão | Foto: Cortesia

Meses depois, o empresário do campeão olímpico do surfe entrou em contato com Marcelo procurando saber mais sobre o assunto dizendo que o Ítalo Ferreira queria criar uma marca própria de café. Foi então que o empresário residente em Maceió passou a fazer um link entre a equipe do Ítalo e os produtores de café da Chapada Diamantina. Hoje, a marca Stoke Ed Coffee é uma realidade. É a marca do Ítalo Ferreira.

Empresário, mestre em torra e barista, Henrique Dias é proprietário de uma torrefação, cafeteria e escola de Maceió e faz a entrega de soluções para cafeterias, confeitarias e bistrôs, como maquinário, métodos, consultorias e seleção de microlotes de cafés especiais.

Formado pela Specialty Coffee Association, Henrique conta que o café é uma bebida social e faz parte da nossa cultura. Sendo assim, está enraizado na rotina do brasileiro e no mundo todo. Já o café especial é uma nova cultura e ganha espaço à medida que a bebida apresenta qualidade e experiência sensorial.

“A surpresa de experimentar um café doce, encorpado e com acidez equilibrada conquista entusiastas da bebida e novos consumidores abertos a provar um café sem açúcar. Vale lembrar que essas características são do próprio café. Não há adição de aromatizantes e nem de adoçantes”.

Henrique é proprietário de uma escola de cafés e fala sobre a procura pela bebida
Henrique é proprietário de uma escola de cafés e fala sobre a procura pela bebida | Foto: Cortesia

Assim como Isabella, Henrique destaca que o cafés gelados não são a primeira opção na escolha do cliente regular, mas ressalta que os mais jovens são abertos a provar essas novas bebidas.

“De toda forma, é preciso um esforço em apresentar e oferecer degustação dos cafés gelados. O crescimento acontece à medida que eles são apresentados às diferentes harmonizações da bebida e combinação de pratos. Exemplo é o nosso clássico citrus coffee, com bastante gelo, shot de limão, suco de laranja e um ristretto, refrescante na medida certa e acompanha muito bem um lanche da tarde ou café da manhã. Harmoniza bem com pratos salgados”, destaca o proprietário da RDV, ressaltando que o café espresso, o cappuccino ou o coado são os mais requisitados, especialmente após o almoço, para dar uma energia ao retornar ao trabalho, e no fim da tarde, para encontros e reuniões.

Para o verão, Henrique diz que apresenta o drink autoral chamado “mcz”, que é uma espécie de limonada de coco com coldbrew [extração a frio do café]. “Outra opção que criamos para esse verão é o ‘Cherry bomb’, um drink alcoólico com cachaça de umburana, syrup de acerola artesanal, bastante gelo e café”, relata.

Apesar das variáveis, o café quente ainda é o mais pedido, mesmo no verão
Apesar das variáveis, o café quente ainda é o mais pedido, mesmo no verão | Foto: Cortesia

Henrique diz, ainda, que a desinformação sobre o café é terrível e até uma sugestão de bebida errada pode acabar com uma experiência inicial. Por isso, o atendente e o barista que trabalham nas cafeterias têm a missão de interpretar o consumidor e trazer a melhor sugestão. “Cada grão de café tem um perfil sensorial, como também o método de extração irá intensificar atributos diferentes. As bebidas possuem variadas proporções, intensidade e concentração. Como exemplo, temos o espresso, que é uma bebida forte e equilibrada. Já um ristretto será uma variação curta e que traz maior intensidade na acidez e no sabor como um todo”, pontua.

Na escola de cafés liderada pelo empresário, a procura pelos cursos e pela formação de baristas vem aumentando pelos entusiastas da bebida, especialmente no pós pandemia, quando as pessoas despertaram para o consumo de qualidade e pelo interesse em saber a origem do grão que estão consumindo.

“ O curso de introdução ‘do fruto à xícara’ é o mais procurado e abordamos sobre a história do café, a colheita e o pós-colheita, a torra e outras curiosidades. Um curso mais prático e bastante procurado é o ‘pilares da extração’, um conteúdo prático onde aprendemos sobre entender e controlar as variáveis na extração do café e os diversos métodos de preparo, além de ter muita degustação. Com relação à consultoria, a proposta é dar um suporte na formatação de um café, como temos a própria cafeteria modelo, e o know how de café, buscamos entender cada negócio e entregar a solução adequada. Personalizando e fornecendo café torrado, locação ou venda de equipamentos, diagnóstico e planejamento do negócio e o treinamento da equipe. Ou seja, um 360 no segmento do café”, pontua o empresário.

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