Conflito
Netanyahu recua e diz se opor à criação de Estado palestino
Proposta apresentada pelos Estados Unidos para encerrar guerra na Faixa de Gaza é avaliada pelo Hamas


A proposta de paz apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra na Faixa de Gaza repercutiu com força no cenário internacional e expôs divergências dentro de Israel. O plano, aceito em princípio pelo premiê Benjamin Netanyahu, prevê a retirada gradual das tropas israelenses do território e abre caminho para a reconstrução de Gaza, além de condicionar a criação de um Estado palestino a reformas na Autoridade Palestina.
Apesar de ter manifestado apoio inicial ao lado de Trump, Netanyahu afirmou ontem que se opõe frontalmente à ideia de um Estado palestino. “De jeito nenhum, e não está escrito no acordo. Nós nos oporemos com veemência a um Estado palestino”, disse em vídeo divulgado em suas redes sociais. O recuo gerou críticas internas. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, classificou o plano como “um fracasso diplomático estrondoso” e “uma mistura intragável”, comparando-o ao processo de Oslo, de 1993.
Netanyahu enfrenta crescente pressão dentro de Israel. Pesquisas indicam que 71% da população apoiam a proposta americana, enquanto familiares de reféns exigem soluções rápidas para o impasse. Ao mesmo tempo, ministros de sua coalizão ameaçam derrubar o governo caso percebam concessões excessivas.
HAMAS
Do outro lado, o Hamas afirmou que está analisando a proposta e iniciou consultas internas, sem prazo definido para dar resposta. Uma fonte do grupo disse à AFP que o processo é complexo, envolvendo coordenação entre lideranças dentro e fora da Palestina. Trump, no entanto, cobrou uma definição em até quatro dias.
“Os países árabes já estão a bordo, Israel também. Estamos apenas esperando pelo Hamas”, declarou o presidente americano, que prometeu apoiar medidas militares contra o grupo caso rejeite o plano.
O texto de 20 pontos prevê a transformação da Faixa de Gaza em zona livre de grupos armados e oferece anistia a integrantes do Hamas que entregarem suas armas. Paralelamente, Catar e Turquia retomaram o papel de mediadores, sinalizando novas rodadas de conversas para tentar viabilizar a proposta.