Câmbio
Dólar cai para R$ 5,31 após conversa entre Lula e Trump
Com o resultado dessa segunda, a moeda estadunidense acumula queda de 14,08% em 2025


Em meio ao maior apetite por moedas de países emergentes, o dólar encerrou em queda após a chamada telefônica entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
A bolsa de valores caiu em dia de realização de lucros, com investidores vendendo papéis para embolsarem ganhos recentes.
O dólar comercial encerrou essa segunda-feira (6) vendido a R$ 5,311, com recuo de R$ 0,025 (-0,47%). A cotação iniciou o dia em R$ 5,35, mas recuou ainda na primeira hora de negociações. Na mínima do dia, por volta das 16h20, chegou a R$ 5,30.
Com o resultado dessa segunda, a moeda estadunidense acumula queda de 14,08% em 2025. O euro comercial fechou o dia vendido a R$ 6,21, com queda de 0,75%, no menor valor desde 3 de abril, dia em que Trump começou a anunciar as retaliações comerciais contra países com superávit comercial dos Estados Unidos.
"O dólar se fortaleceu em relação a pares desenvolvidos, como o euro e o iene, mas perdeu força quando comparado a divisas emergentes, com investidores promovendo uma rotação de carteira"", afirma o economista Rafael Prado, da GO Associados.
Termômetro do comportamento do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes, o Dollar Index (DXY) subiu mais de 0,30% e voltou a superar o nível dos 98,000 pontos, com máxima em 98,499 pontos. A crise política na França, com a renúncia precoce do primeiro-ministro do país, Sébastien Lecornu, pesou sobre o euro
O grande perdedor do dia, contudo, foi o iene, que amargou desvalorização de mais de 1,80% em relação ao dólar, diante da possibilidade de que a ultraconservadora Sanae Takaichi, que passou a chefiar o governista Partido Liberal, possa se tornar primeira-ministra no Japão.
Prado, da GO Associados, ressalta que o iene é muito utilizado como moeda de financiamento para operações de carry trade.
"A desvalorização do iene acaba favorecendo moedas de países de juros altos como o Brasil e ajuda a explicar a valorização do real mesmo com um DXY mais forte", afirma Prado, ressaltando que o desempenho da divisa brasileira em 2025 está muito atrelado ao comportamento do índice. "O DXY e o diferencial de juros são os principais drivers do real no ano. A questão fiscal ficou em segundo plano."
O real apresentou nesta segunda-feira os maiores ganhos entre as divisas latino-americanas. Já no grupo de emergentes, o grande destaque do dia foi o rand sul-africano, com valorização de mais de 0,70% frente ao dólar. As cotações internacionais do petróleo subiram mais de 1%, o que pode ter ajudado moedas emergentes e de países exportadores de commodities.
Bolsa
A euforia no câmbio não se repetiu no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 143.608 pontos, com recuo de 0,41%.
Ainda em um movimento de realização de lucros, os investidores estão vendendo ações, após o indicador ter superado os 146 mil pontos na última semana de setembro.
Além da conversa entre Lula e Trump, o dólar caiu em um contexto favorável para as economias em desenvolvimento. A desvalorização do iene, moeda japonesa, beneficiou as divisas de países emergentes.
Além disso, a alta do preço do petróleo no mercado global favoreceu países exportadores de commodities (bens primários com cotação internacional), como o Brasil.