Elas inovam
Empreendedoras impulsionam negócios no setor de tecnologia em Alagoas
No dia Internacional da Mulher, Gazeta traz exemplo de mulheres que rompem barreiras e mudam perspectivas


A presença feminina no mundo dos negócios tem crescido consideravelmente. Seja em startups, fintechs ou empresas de tecnologia, as mulheres vêm conquistando um espaço cada vez mais relevante. De acordo com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas (Secti), elas estão assumindo, com frequência crescente, posições de liderança nesse segmento.
Esse avanço reflete uma mudança no mercado de trabalho como um todo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres já representam cerca de 45% da força de trabalho formal em Alagoas, embora ainda enfrentem desafios como desigualdade salarial e menor representatividade em cargos de alta gestão.
Alessandra Pontes e Gesyca Santos são exemplos do impacto que as mulheres podem causar quando decidem empreender. Juntas, as co-fundadoras da startup Mulheres Conectadas ajudam outras a expandirem seus negócios de forma moderna e inteligente.
“A Mulheres Conectadas nasceu da necessidade real de inserir mulheres na economia digital. Observamos que milhões de brasileiras estavam excluídas da transformação digital e do empreendedorismo por falta de acesso e conhecimento”, afirmam.
Alessandra é formada em Enfermagem e atua como docente no Cesmac. Gesyca é formada em Geografia e especialista em inovação tecnológica. Juntas, decidiram revolucionar o segmento tecnológico, capacitando mulheres para trabalharem ou ampliarem seus negócios por meio da internet.
“O maior desafio foi mostrar para empresas e governo que capacitar mulheres no digital não é assistencialismo, mas um investimento estratégico. Comprovamos, na prática, que mulheres capacitadas geram impacto econômico direto, fortalecendo negócios e comunidades”, ressalta Alessandra.
A Mulheres Conectadas já gerou diversos frutos, e um dos exemplos mais notáveis é Kamila Brandão. Advogada, Kamila decidiu ousar e empreender. Mentorada por Alessandra e Gesyca, ela explica como foi seu aprendizado.
“Minha experiência com a Mulheres Conectadas foi incrível, porque venho do mundo do Direito e tive a ousadia de ingressar no ramo da tecnologia. A Mulheres Conectadas foi um divisor de águas na minha vida, pois a orientação que recebi fez toda a diferença”, conta Kamila.
A trajetória de Kamila Brandão no empreendedorismo digital não parou por aí. Em 2019, impulsionada por seu espírito inovador, fundou a E-mediar, uma plataforma digital voltada para a mediação de conflitos. Olhando para trás, Kamila reconhece que o apoio de outras mulheres foi essencial para o sucesso do seu empreendimento.
“A união entre mulheres é transformadora. Quando nos apoiamos, crescemos juntas e conquistamos espaços que antes pareciam inalcançáveis. Hoje, posso dizer: eu sou CEO”, declara Kamila.
O avanço da presença feminina na tecnologia e no empreendedorismo não acontece por acaso. Iniciativas de incentivo, como as promovidas pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas (SECTI), desempenham um papel crucial na capacitação e inserção de mulheres no setor. Através de programas estratégicos, a SECTI fomenta oportunidades para que cada vez mais mulheres possam ingressar no mercado digital, desenvolver negócios inovadores e conquistar postos de liderança.
De acordo com a Junta Comercial do Estado de Alagoas (Juceal), 36% das novas empresas abertas em 2024 no estado foram registradas por mulheres. Esse crescimento reforça a importância das políticas públicas voltadas para o fomento do empreendedorismo feminino e a necessidade de garantir mais acesso a crédito e capacitação para que elas possam expandir seus negócios.
O secretário da SECTI, Silvio Bulhões, ressalta que esses investimentos não são apenas uma questão de igualdade de gênero, mas também uma estratégia inteligente para o desenvolvimento econômico do estado:
“As mulheres estão ocupando cada vez mais espaço no mercado de tecnologia e inovação, e é nosso papel garantir que elas tenham acesso às ferramentas necessárias para isso. Capacitar mulheres no digital não é apenas uma pauta social, mas uma decisão estratégica para o crescimento econômico de Alagoas”, destaca Silvio.
O crescimento da presença feminina no empreendedorismo e na tecnologia não é apenas uma tendência — é uma realidade que vem transformando mercados e impulsionando a inovação. Com o apoio de iniciativas públicas e privadas, e a força de mulheres como Alessandra, Gesyca e Kamila, esse movimento se fortalece a cada dia. Os desafios ainda existem, mas histórias como as delas provam que, com capacitação, acesso e oportunidades, as mulheres não apenas conquistam espaços antes predominantemente masculinos, como também redefinem o futuro dos negócios e da tecnologia.
*Estagiário sob supervisão.