Pedro e Roma

Devemos considerar aqui a conexão entre Pedro e a Igreja de Roma, já que, depois, Roma, por esse mesmo motivo, será considerada como a cabeça de toda a Igreja. O Novo Testamento não nos diz nada sobre isso, a não ser a saudação enviada por Pedro, na sua primeira carta, da Igreja “que está em Babilônia” (1 Pe 5,13). Todos os escritores antigos e modernos, com raríssimas exceções, afirmam que Babilônia, aqui, está no lugar de Roma. A Bíblia de Jerusalém comenta, muito simplesmente: “Trata-se da Igreja de Roma (cf. Ap. 14,8; 16,19; 17,5), com alusão possível ao exílio temporário”.

Com insignificante exceção de Cosme Indicopleustes, os escritores antigos são unânimes em sustentar a opinião, hoje comum, de que a Babilônia de Pedro é Roma. Vejamos alguns textos. Dionísio, bispo de Corinto (c.170), em uma carta aos cristãos de Roma, menciona o fato de que as Igrejas de Corinto e de Roma foram fundadas por Pedro e Paulo e que ambos morreram mártires em Roma na mesma época (Cf. Euseb. Hist. Ecles. 11, 25). Santo Irineu, (c. 125-c.203) discípulo de S. Policarpo (c.69-c. 155) que, por sua vez, foi discípulo do apóstolo João, diz que a Igreja de Roma é “a maior, a mais antiga, conhecida de todos, fundada e constituída pelos mais gloriosos apóstolos Pedro e Paulo”. E Irineu afirma ainda: “Tendo fundado e construído a Igreja de Roma, os bem-aventurados apóstolos confiaram a Lino a administração do episcopado” (Cf Adv. Haer. III, 3, PG, VII, 848).

Além destes testemunhos, outros escritores importantes como Caio e Tertuliano têm mesma opinião. Não há dúvida, pois, que a Igreja nascente sempre acreditou no primado de Pedro e que sustentou que a Igreja romana era a cadeira de Pedro.