Ação
Intimar acusado na UTI é caso único no mundo

A democracia e a justiça talvez continuem na UTI”

PODER SEM PUDOR: Tiro de inquietação no inimigo
A intimação do STF a Jair Bolsonaro (PL) em plena UTI, onde ele se recupera de delicada cirurgia, sem precedentes no mundo, fez lembrar o “tiro de inquietação no inimigo” utilizado pelo baiano Antonio Carlos Magalhães, o “Toninho Malvadeza”, mestre em perversidades. Inconformado com o rompimento político do pai de Geddel Vieira Lima, ACM telefonou para d. Marlune, esposa do deputado Afrísio Vieira Lima, “dando a triste notícia” de que dois de seus filhos haviam morrido em um acidente. Sabia que os irmãos se revezavam, quinzenalmente, para levar o pagamento da fazenda da família, a 400km. Sem celular na época, a família passou horas em desespero até descobrir que era tudo mentira. Confrontado por amigos, ACM riu: “Chamo isso de tiro de inquietação no inimigo!” Dias depois, em um evento, o deputado Afrísio, boxeador nas horas vagas, retribuiu com um cruzado no queixo.
Intimar acusado na UTI é caso único no mundo
É sem precedentes a ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes, de mandar oficial de Justiça intimar Jair Bolsonaro enquanto o ex-presidente se recupera na UTI, em Brasília, após complexa cirurgia. Não há registro de caso semelhante envolvendo um cidadão brasileiro sem condenações ou flagrante ser notificado enquanto convalesce em leito de terapia intensiva. Citar doentes ou hospitalizados é proibido por lei em casos cíveis e, em penais, “é raríssimo”, segundo especialista ouvido pela coluna.
Interesse do acusador
A citação pode provocar nulidade absoluta da ação, diz o criminalista Joaquim Pedro Rodrigues, que afirma “nunca ter visto” algo como o caso de Bolsonaro.
Sem regra única
A jurisprudência não é clara: há casos de citação de doente validados pela Justiça, e outros em que, mesmo com assinatura do citado, foram anuladas.
Raro, raríssimo
No exterior, o único episódio semelhante é o da ex-presidente filipina Gloria Arroyo, presa num hospital após meses internada. Mas fora da UTI.
Filipinas democrática
Anos depois, o STF filipino anulou tudo, e até a ONU classificou como “ilegal e arbitrária” a prisão de Arroyo enquanto internada, por “sabotagem eleitoral”.
PT quis abocanhar Ministério das Comunicações
Se no União Brasil o Ministério das Comunicações não despertou muito interesse e foi esnobado, o sempre faminto PT se movimentou para tentar faturar a pasta. A ideia passava por deslocar Paulo Teixeira do Desenvolvimento Agrário para as Comunicações, garantindo ao partido de Lula as duas pastas. Uma certa indisposição com Davi Alcolumbre (União-AP), e divisões internas no PT, barraram o plano.
Ideia reciclada
No início do governo, Teixeira sonhava com a pasta das Comunicações, mas era preciso conter o centrão. Sobrou para ele o MDA.
Boquinhas variadas
O MDA é estratégico para o PT por tratar de temas como Reforma Agrária, Agricultura Familiar e aquisição de alimentos.
Motivos de sobra
A troca resolveria a insatisfação de Lula com o fraco desempenho de Teixeira e a pressão dos sem-terra, que criticam o ministro.
Tudo dominado
A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB), de não pautar a urgência da anistia, a mando de Lula (“a pedido”, dizem petistas), levará à retomada da obstrução parlamentar, segundo confirmou o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS).
Ócio oficial
Além da obstrução, o feriado do 1º de Maio, na quinta-feira, garantirá baixíssima produção legislativa na próxima semana.
Nem terrorista
O interrogatório — no hospital — do terrorista da Maratona de Boston, em 2013, foi criticado até nos EUA por “abusar de pessoa enferma”. Ele havia sido hospitalizado após troca de tiros com a polícia.
Promessa
Em entrevista ao podcast Diário do Poder na semana passada, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) prometeu obstrução caso o projeto da anistia não fosse pautado.
Gatunagem
“Covardia! A corrupção no governo Lula vai pra cima até dos nossos aposentados!” — reagiu o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), após revelado o escandaloso afano no INSS.
Devolve aí
O site InfoMoney, reduto petista na Faria Lima, reproduziu o ataque da Reuters ao departamento de eficiência de Elon Musk, que eliminou “tetas” do governo, incluindo a que abastecia a própria agência. Trump cortou a boquinha e exigiu a devolução de US$ 9 milhões.
Parece turismo
Lula embarcou para o enterro do papa levando Janja, 12 parlamentares, 4 ministros e, ao lado, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Serão notados apenas por jornalistas brasileiros.
Traz o Engov
Foi indigesto o jantar de Lula com líderes da Câmara. O presidente deu de cara com Pedro Lucas (União-MA), que, horas antes, o constrangera publicamente ao recusar o convite para o Ministério das Comunicações.
Pensando bem…
…bilhões dos pagadores de impostos sumindo virou déjà vu.
