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NOVO LINO

Sepultamento de bebê é marcado por comoção e clamor por justiça

Ré confessa, mãe da criança teve prisão preventiva decretada e foi levada ao sistema prisional

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Familiares e moradores acompanharam o enterro da bebê
Familiares e moradores acompanharam o enterro da bebê | Foto: Rogério Costa

Com faixas e cartazes nas mãos, camisas brancas e pedidos de justiça, moradores de Novo Lino, interior de Alagoas, se despediram ontem da bebê Ana Beatriz, que foi morta por asfixia com apenas 15 dias de vida. A mãe da recém-nascida, Eduarda Silva de Oliveira, 22 anos, confessou que matou a filha após apresentar várias versões para o suposto desaparecimento da criança.

O velório aconteceu próximo à casa da família, e o cortejo até o Cemitério Pedro Martiliano da Silva reuniu centenas de pessoas.

“Nunca esperamos por isso, não houve nada assim aqui. É muito delicado e bastante comovente. Eu sou mãe, e é difícil entender. Ainda não caiu a minha ficha”, falou Stephany Maria, moradora do município.

Segurando uma toalha que pertenceu à filha e emocionado, o pai, Jaelson Silva, preferiu não dar entrevista à imprensa. O sepultamento foi finalizado com palmas e gritos por justiça.

PRISÃO PREVENTIVA

A mãe da bebê teve a prisão preventiva decretada e foi transferida para o sistema prisional. Conforme determinação judicial, ela ficou custodiada em cela separada das demais detentas. A medida foi decidida durante audiência de custódia conduzida ontem pelo juiz Antônio Íris da Costa Júnior, que apontou a necessidade da prisão com base na preservação da ordem pública e na conveniência da instrução criminal. Ela vai precisar passar por um tratamento psiquiátrico enquanto estiver presa.

Depois de ser detida em flagrante na terça-feira, por ocultação de cadáver, Eduarda prestou um novo depoimento à polícia. Ela foi ouvida por cerca de 18 minutos na Delegacia Regional de Novo Lino. A ré confessa relatou que asfixiou a filha com um travesseiro, colocou o corpo no saco utilizado para guardar o enxoval da menina e o escondeu num armário, junto com materiais de limpeza, onde ele foi achado pela polícia.

“Eu não tinha dormido. Quando ela acordou, eu dei de mamar, depois ficou chorando um pouquinho, aí levei para o sofá e a sufoquei com a almofada da sala. Depois, eu peguei um saco grande que tinha das compras de coisas do enxoval e coloquei ela”, disse.

Eduarda afirmou que, após esconder o corpo da bebê no armário, se arrependeu de ter matado a filha. “Eu não consegui dormir, fiquei perambulando na casa, fui para a porta, voltei e fui no armário, achando que ela poderia estar viva, mas ela não estava. Eu deixei ela lá. Ficou lá desde quando coloquei, não mexi mais.”

A mãe disse ainda que não teve a ajuda de ninguém e que o marido só soube o que aconteceu quando ela confessou tudo para o advogado.

SUMIÇO E BUSCAS

Ana Beatriz estava desaparecida desde sexta-feira (11). No relato inicial, Eduarda informou que havia sido abordada por uma mulher e três homens em um carro enquanto aguardava em um ponto de ônibus com o filho mais velho. Os supostos criminosos teriam levado a bebê à força.

A polícia passou a desconfiar das versões da mãe após os relatos de três testemunhas que contrariavam a teoria do sequestro. Além disso, imagens de câmeras de segurança também contradiziam a mãe. Equipes das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros realizaram uma força-tarefa para tentar localizar a recém-nascida, com o apoio de cães farejadores treinados para encontrar corpos.

Quatro dias após o desaparecimento da bebê, a suspeita contou onde o corpo estava e confessou o crime. Apesar de Eduarda dizer que fez tudo sozinha, a polícia investiga se houve participação de outra pessoa na ocultação do corpo.

“A mãe pode ter se desesperado e pedido a ajuda de algum familiar. E se aproveitando do momento em que não havia ninguém na casa, nem na rua, porque Eduarda estava em outra região de Novo Lino, essa pessoa pode ter pego esse corpo e colocado na armário. São coisas que a polícia ainda vai apurar”, afirmou o delegado Igor Diego, um dos responsáveis pelas investigações

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