AMEAÇAS, AGRESSÕES E MORTE
Final de semana do Dia Internacional da Mulher registra dois feminicídios e mais de 10 vítimas de violência doméstica
Luiza Andrade, 30, foi mota a facadas em Água Branca e Jusineia Maria do Santos, 41, foi assassinada em Cajueiro


O final de semana em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher foi de violência para elas em Alagoas. Foram registradas ao menos 16 vítimas de violência doméstica no Estado, entre elas, Luzia Andrade, de 30 anos, morta a facadas em Água Branca e Jusineia Maria do Santos, 41, foi assassinada em Cajueiro. As ocorrências foram registradas entre sexta-feira (7) e a madrugada desta segunda-feira (10).
A morte de Luzia Andrade foi registrada no sábado (8). Ao ser esfaqueada pelo companheiro, ela ainda foi socorrida para o Hospital Regional do Alto Sertão, mas não resistiu aos ferimentos. Diante do caso, a Polícia Civil abriu investigação para apurar a autoria, motivação e circunstâncias do feminicídio.
Em janeiro deste ano, a mulher já tinha registrado um Boletim de Ocorrência contra o companheiro com quem tinha um relacionamento há 17 anos e dessa convivência geraram três filhos, 7, 15 e 16 anos de idade.
No Boletim de Ocorrência, Luzia Andrade relata que a relação do casal estava difícil e que o companheiro chegou a agredi-la com palavras ofensivas à honra dela. Além disso, ela relatou que ele a ameaçou de morte e de matar os próprios filhos caso eles tentassem impedi-lo de agredir a mulher.
As brigas, segundo ela, eram recorrentes por causa do excesso de ciúmes do homem. Por causa das queixas de Luzia Andrade, a Polícia Civil representou à Justiça pela concessão de Medidas Protetivas, o que foi acatado pelo juízo de Água Branca.
“No presente caso, verifica-se, em tese, a configuração de violência psicológica, vez que há notícias de que o representado está ameaçando a sua companheira, causando-lhe, em tese, danos psicológicos, razão pela qual a vítima, temendo por sua integridade, representou o requerido”, pontuou a Justiça na decisão.
Por causa dos riscos à integridade física da mulher, no final de janeiro deste ano, a Justiça determinou a proibição do companheiro de se aproximar dela, mantendo um limite mínimo de 200 metros de distância. Ele também estava proibido de se aproximar dos familiares de Luzia Andrade, do local de trabalho ou qualquer outro onde ela costumava frequentar e de estabelecer qualquer tipo de comunicação com a mulher.
CAJUEIRO
Jusineia foi assassinada a facadas na madrugada dessa segunda, entro da própria casa. A filha dela, de 3 anos, estava no local quando o crime aconteceu. O suspeito é o ex-companheiro. Segundo vizinhos, o casal brigava constantemente e estava dormindo em casas separadas já há alguns dias.
De acordo com testemunhas, o homem tentou voltar para casa e uma discussão teria começado. Ele teria pulado o muro da casa e esfaqueado Jusineia.
No mesmo dia do crime à noite, o suspeito de matar a ex foi encontrado morto próximo à Usina João de Deus, em Capela.
OUTROS CASOS
Ao todo, somente nos registros do Centro Integrado de Segurança Pública de Alagoas de Arapiraca, Maceió e Palmeira dos Índios, 15 mulheres foram vítimas de agressão física, verbal e ameaças pelos companheiros, ex-companheiros, ou homens que fazem parte da família.
Na manhã de domingo (9), por exemplo, um homem foi preso no bairro Canafístula, em Arapiraca, por violência doméstica contra a ex-companheira. A vítima relatou à polícia que sofria ameaças, agressões físicas e verbais e que, naquela manhã, o suspeito tentou atacá-la com um facão. O filho da mulher e uma amiga precisaram contê-lo, deixando arranhões no agressor
Um homem também foi preso no sábado (8), no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió, após ameaçar a ex-companheira com uma faca e quebrar a porta da residência dela. A vítima relatou à polícia que o agressor estava na casa dos pais, do outro lado da rua. Localizado pela guarnição, ele negou a ameaça, mas confessou ter chutado a porta. Ele foi encaminhado à Central de Flagrantes e autuado por violência contra a mulher, permanecendo preso.
Um homem foi preso na noite de domingo (9) no bairro Santa Amélia, em Maceió, por agredir fisicamente a esposa. Uma equipe do 4º BPM foi acionada por um transeunte que relatou a violência. No local, a vítima apresentava hematomas no rosto e chorava muito. Segundo ela, o marido a atacou por suspeitar que ela estivesse na casa da vizinha com outros homens. O agressor foi localizado em via pública e encaminhado à Central de Flagrantes, onde foi autuado por lesão corporal dolosa com base na Lei Maria da Penha.
No domingo, um homem foi preso no bairro Village Campestre II, em Maceió, após agredir a esposa. A vítima relatou que, após um desentendimento, o marido a esganou e deu um soco em seu rosto. O suspeito alegou ter sido agredido pela esposa, mas foi autuado em flagrante com base na Lei Maria da Penha.
Segundo o Sumário Executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, nos últimos 12 meses, o Brasil atingiu o maior índice de violência contra a mulher.
Os dados apontam que 37,5% das mulheres vivenciaram alguma situação de violência nos últimos 12 meses. Em números absolutos isso representa ao menos 21,4 milhões de brasileiras de 16 anos ou mais. Esta é maior prevalência2 já identificada, desde 2017. Ainda 31,4% das brasileiras sofreram ofensas verbais (insulto, humilhação ou xingamento), crescimento de 8 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2023.
Números indicam também que 16,9% relataram ter sofrido agressão física por meio de batida, tapa, empurrão ou chute, maior prevalência registrada desde a primeira edição da pesquisa. Isto significa que ao menos 8,9 milhões de brasileiras sofreram agressão física no último ano. Os dados também mostram uma realidade de que 16,1% foram ameaçadas de sofrer algum tipo de agressão física e 16,1% foram vítimas de Stalking, 8,5 milhões de vítimas.