Beija-Flor é campeã após disputa acirrada com Grande Rio e Imperatriz

A Beija-Flor de Nilópolis conquistou seu 15º título no carnaval carioca, encerrando o desfile com uma apoteose marcada por homenagens e despedidas. A vitória veio com um enredo dedicado a Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, um dos mais importantes diretores de carnaval da história da escola e do samba, falecido em 2021. A noite também ficou marcada pelo adeus de Neguinho da Beija-Flor, que, após 50 anos, encerrou sua trajetória como voz oficial da agremiação.

Com o enredo “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, a Beija-Flor celebrou a trajetória do diretor de carnaval, mas também resgatou sua influência no aprimoramento das técnicas que consolidaram o padrão competitivo dos desfiles. Laíla, que atuou em diversas agremiações ao longo da vida, foi um dos principais arquitetos da era moderna do carnaval, sendo responsável pela criação de sambas-enredo icônicos e pelo aprimoramento da harmonia entre bateria, evolução e canto.

A escola trouxe para a Sapucaí um desfile que refletia as crenças e a espiritualidade do homenageado, evocando suas referências religiosas e sua relação com Xangô, Iansã, pretos velhos e o povo cigano. O carnavalesco João Vitor Araújo revelou que concebeu o enredo após um sonho com Laíla, como se o próprio mestre desse a “autorização” para a homenagem. O desfile também rememorou momentos emblemáticos, como “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” (1989), icônico desfile criado por Laíla e Joãosinho Trinta.

Durante a apuração, a Beija-Flor dominou as notas e alcançou pontuação máxima em todos os quesitos.

NEGUINHO SE DESPEDE

A voz da Beija-Flor nas últimas cinco décadas ecoou pela penúltima vez na Sapucaí. Aos 75 anos, Neguinho da Beija-Flor anunciou sua aposentadoria como cantor da escola. A despedida veio acompanhada de uma homenagem da agremiação e de colegas de profissão, como Zé Paulo Sierra, Tinga e Wantuir.

Neguinho, que marcou o carnaval com sambas que ultrapassaram os limites da Avenida, afirmou que a decisão foi tomada para que ele pudesse focar em sua carreira fora do carnaval. “Tô velho, né? É muito cansativo viajar, ensaiar e ainda pensar nos meus shows”, disse.

Ainda assim, garantiu que sua relação com a Beija-Flor continuará. “Sou Beija-Flor, não vou sair de lá nunca”, afirmou.

IMPERATRIZ LEVA O ESTANDARTE DE OURO

Enquanto a Beija-Flor levou o título oficial, a Imperatriz Leopoldinense brilhou no prêmio Estandarte de Ouro. Com o enredo “Ómi Tútu ao Olófun — Água fresca para o senhor de Ifón”, a escola de Ramos foi escolhida como a melhor do Grupo Especial pela premiação organizada pelos jornais O Globo e Extra. A agremiação também conquistou os prêmios de melhor enredo e bateria, sendo a primeira vez que a bateria da Imperatriz recebe o Estandarte.

A escolha dos vencedores do prêmio contou, neste ano, com a inclusão de sete convidados na decisão final. Segundo os jurados, o desfile da Imperatriz se destacou pela coerência plástica, pelo desenvolvimento claro do enredo e pela sintonia entre os quesitos, garantindo um desfile de fácil leitura visual e narrativamente impactante.

DESFILE DAS CAMPEÃS

As seis primeiras colocadas do Grupo Especial voltarão à Marquês de Sapucaí no Sábado das Campeãs, no dia 8 de março. Além da Beija-Flor, que encerrará o desfile, estarão na Avenida Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro, Portela e Mangueira.

O evento será a última oportunidade para reviver os momentos que marcaram a folia deste ano e celebrar os protagonistas do carnaval de 2025. Na Beija-Flor, a noite será de consagração definitiva a Laíla e de despedida à voz que acompanhou suas vitórias por meio século.