PODER VIRA CINZAS NO CARNAVAL DE MENTIRAS, ILUSÕES E TRAIÇÕES

Quem está lá dentro sabe, fica empolgado com o tratamento de majestade e, no final, sai pela mesma porta do quintal. Simples, humilde, atencioso sem o mandato, vestido na roupa de autoridade se transforma em amigo do inimigo e adversário daqueles que carregaram o caixão. Mudança radical só é vista quando a festa acaba com os ferimentos saindo sangue. Poder é um sopro, como a vida, quem chega lá vira um boneco de cera e, na despedida, se transforma em cinzas. Bajulação, puxa-saquismo, promessa de amor eterno fazem parte do jogo, que termina sempre em traições, covardias e malandragem. A confiança no voto de todos os lados é a mesma coisa de sentimento de carnaval, que termina no final da noite. Aplaudido no Palácio pelo cargo que exercia, governador Afrânio Lage passou a faixa para Divaldo Suruagy. Diante das palmas, um assessor, marcando carreira para o novo endereço, quis prestar serviço: “Tá vendo que o senhor tem prestígio?” - apontou para a multidão. “É pra ele, que está chegando!” - falou Lages, doido para se livrar da onda de mentiras.