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Economia O rendimento médio dos trabalhadores domésticos alagoanos cresceu 0,6%, o que dá R$ 5

70% DOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS TRABALHAM SEM CARTEIRA ASSINADA

Categoria aumentou 33,2% no Estado no 3º trimestre, na comparação com o mesmo período de 2020

Por Hebert Borges | Edição do dia 02/12/2021 - Matéria atualizada em 02/12/2021 às 04h00

Para chegar na casa da patroa, Maria Marlene da Silva, de 23 anos, sai de casa, no Clima Bom, na periferia de Maceió, às 6h, para chegar na Ponta Verde, bairro nobre da capital alagoana, às 8h. A jovem é uma das 70 mil pessoas que trabalham em Alagoas com serviços domésticos. Esse grupo de trabalhadores aumentou 33,2% no Estado no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que foram divulgados na terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo foi um dos mais afetados pela pandemia, tendo em vista que para evitar o contágio muitos patrões dispensaram o serviço. E o IBGE atesta que, de cada 10 trabalhadores domésticos em Alagoas, sete trabalham sem registro em Carteira de Trabalho, portanto, sem nenhuma garantia trabalhista como férias ou 13° salário. Dos atuais 70 mil, 52 mil estão nessa condição. Entre eles, Maria Marlene. Sem direitos trabalhistas e sem salário mínimo, na maioria das vezes. O IBGE também atestou que este grupo de trabalhadores é o que possui o menor rendimento médio no Estado, R$ 735, o que é pouco mais da metade do salário mínimo (R$ 1.100). Longe dessa realidade está o patrão, que tem, segundo a mesma pesquisa, rendimento médio de R$ 5.046 em Alagoas. A Pnad expôs também que, enquanto o rendimento médio dos trabalhadores domésticos alagoanos aumentou 0,6%, o que dá R$ 5, na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, o rendimento médio do patrão, ou empregador, como é chamado na pesquisa, aumentou 36%, saindo de R$ 3.709 para R$ 5.046, que em números absolutos representa um aumento de R$ 1.337. Em todo o Brasil, o aumento no número de trabalhadores domésticos foi menor, 21,2%. São 5,3 milhões de trabalhadores nesse grupo no país. Em nível nacional, o rendimento deles é de R$ 920, acima do valor aferido em Alagoas, mas ainda abaixo do salário mínimo. Segundo Adriana Beringuy, que é coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, esse é um processo de recuperação que já vinha ocorrendo desde junho. “A categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão importante. Embora haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o contingente atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia”, afirmou. Apesar do Brasil ter uma população ocupada de 93,0 milhões de pessoas, a parcela que contribui para a Previdência, segundo a pesquisa, é de 58,5 milhões de pessoas. De acordo com a coordenadora, isso significa dizer que 62,9% da população ocupada é contribuinte para institutos de previdência, mas o percentual vem caindo. “Embora a ocupação venha aumentando, os ocupados que têm este tipo de contribuição vem caindo, porque a expansão dessa ocupação, parte relevante dela, vem de trabalhadores informais, que de modo geral não têm essa contribuição para a previdência”, contou.

De acordo com o IBGE, a Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. “A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE”, informou o Instituto. A coleta de informações da pesquisa por telefone é feita desde 17 de março de 2020. A identidade do entrevistador pode ser confirmada no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.

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