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Cidades Famílias afetadas pelas chuvas estão alojadas em escola em Marechal Deodoro

MORADORES DE MARECHAL DEODORO REVIVEM O DRAMA DE DEIXAR CASAS

Depois de sofrerem com chuvas em 2010 e 2017, muitas famílias voltaram a ficar desalojadas na cidade

Por Regina Carvalho | Edição do dia 28/05/2022 - Matéria atualizada em 28/05/2022 às 04h00

Já pensou ter de deixar sua casa uma, duas, três vezes? Na Escola Municipal Governador Luiz Cavalcanti, em Marechal Deodoro, famílias têm histórias parecidas. Foram expulsas do lar após dias de chuvas torrenciais, que entre os meses de maio e junho insistem em levar o pouco que conseguiram ter na vida. Isso aconteceu em 2010, em 2017 e voltou a acontecer em 2022. Josivânia Teles dos Santos, mãe de cinco filhos que têm de 3 a 21 anos, mora (ou morava) na Rua São Vicente no bairro Taperaguá, um dos trechos mais afetados. Na última quinta-feira (26) teve de deixar novamente a casa, sem tempo de levar quase nada. Não tem nem colchão para dormir. “É a segunda enchente que vejo e que sofro. Vim para aqui da outra vez, em 2017. Tudo de novo”, afirma. Ela conseguiu salvar apenas o guarda-roupa e espera ajuda no abrigo organizado pela Prefeitura de Marechal Deodoro para comer e voltar para casa, quando as chuvas derem uma trégua. “A gente não tem para onde ir. Vivemos numa situação difícil”, acrescenta Josivânia Teles. Já Nicole Catarine deixou às pressas a casa onde mora com os dois filhos de dois e cinco anos, na Rua São Vicente, às margens da lagoa Manguaba. “Quando foi de madrugada começou a chover forte e muito rápido a água subiu e já estava na minha cintura. A gente correu, pegou o que podia, foi quando o caminhão da prefeitura chegou e trouxe o pouco que a gente tem. Quando foi de cinco para seis chegamos no abrigo. Perdemos o pouco que a gente tinha, mas Deus proverá”, declara. Em Marechal Deodoro, 139 pessoas foram encaminhadas pela prefeitura para duas escolas públicas (Escola Municipal Governador Luiz Cavalcanti e Escola Municipal Joviniano de Almeida) que passaram a funcionar como abrigos, recebem acompanhamento de saúde e três refeições por dia. Quem não quis ir para abrigo, o Município auxiliou na retirada de móveis e objetos. Noélia Maria da Silva, de 49 anos, chegou na última quinta-feira (26) a um dos abrigos em Marechal. “Encheu de água de repente, perdi tudo. Não sobrou nenhuma peça de roupa, nem para mim e nem para meus filhos”, disse. Divide a casa que a água invadiu com o marido e uma filha de seis anos. “Essa casa é alugada, não é minha. É o que posso ter, mas não quero mais voltar para lá não. Tava dormindo quando começou a chover forte, depois não consegui mais dormir. Tive muito medo, foi aquela agonia. A correnteza levou todas as nossas roupas”, acrescentou. O bairro Taperaguá é uma das áreas mais afetadas pelas chuvas, já que fica próximo à lagoa Manguaba. Servidores da Prefeitura de Marechal Deodoro que acompanham a retirada das famílias dos pontos mais críticos informaram que o nível da lagoa subiu pelo menos três metros nas últimas horas. A marisqueira Ana Paula de Lima, moradora da rua São Vicente, foi uma das pessoas que precisaram deixar a casa, porque a água invadiu e inundou sua residência. Segundo ela, essa é a terceira enchente que presencia na cidade. “Amanhã (sexta-feira, dia 27) completam cinco anos da enchente que teve. Isso eu não vou esquecer nunca. Estou vendo que o rio tá subindo mais e penso que este ano pode ser pior que da última vez”, finaliza. Em 2017, no município de Marechal Deodoro, homens do Exército ajudaram no socorro às vítimas. Naquele ano, segundo dados da prefeitura, 111 famílias tiveram as casas atingidas. Destas, 34 não tiveram para onde ir, ficaram desabrigadas e foram levadas para três abrigos e dois ginásios.

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